quarta-feira, 19 de março de 2008

diz-me

Tentei brincar com elas, tirá-las de um contexto e dar uma roupagem estranhamente natural. Criei sentidos e deixei os meus evadirem-se. Rasguei-as para lhes arrancar as memórias. Colei-as quando uma me disse "saudade". Misturei-as e fui tirando à sorte.

Junto tudo e faço nascer uma forma. Desfaço e espero recriar o que procuro calmamente.

Mas aprendi que não importa o que com elas faça. Nada. É quando não as uso, é quando as guardo que mais digo. E quando não lhes vejo sentido e o que sobra são parvoíces que se emaranham, percebo. Entendo que é engraçado saber moldá-las. Entendo que o que se esconde e cala é bem mais importante.

As palavras são isso mesmo. Apenas palavras. O que fica por dizer é o que nos conta os maiores segredos.

-E que tem ficado por dizer?
-Tudo o que é importante para nós.
-E não há nada que me possas deixar guardar?

[e um silêncio toca a pele]

-Acabei de deixar.

3 comentários:

Tulha disse...

Mesmo bonito Jessica*

Unknown disse...

Se o mundo do jornalismo te fechar a porta, abre por favor a porta da poesia :)

Desconhecia este teu lado e gostei

UnfinishedSong disse...

amo *