domingo, 20 de abril de 2008

quando o tempo mudar.

Hoje fiz as malas e preparei-me para saber partir. De certeza que ficou esquecido algo de que vou precisar muito e vai me dar vontade de ter tempo para fazer uma paragem de volta para o ir buscar. Mas nem vou rever o que consegui fazer caber num espaço que me pareceu minúsculo. É estranho como é obrigatório que a nossa vida seja capaz de se dobrar em quatro e ocupar o menor espaço possível. Mas é possível ou pelo menos fazemos tudo para que assim seja.

Não olho para trás. É sinal de que o que deixo é muito e de que o que levo não é razão suficiente para bastar.

Volto quando o tempo mudar.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

fica com elas. eu fiz te em papel

Dobrei-te em bocados de papel e foste caindo no silêncio de uma folha rasgada numa dessas rotinas sem sentido. Não gostei e atirei-te para longe. Não gostei por ter percebido que assim caberias em tudo o que é meu. Ficaste naquele chão, ali. Eu voltei ao meu espaço mas quando reparei tinha-te trazido comigo.

Continuaste em silêncio. Inventaste improvisos de falas que não percebi. E eu fiquei em silêncio. Sorri por não perceberes que...

In a manner of speaking, semantics won't do...

terça-feira, 15 de abril de 2008

City lights. Not the same.

Perto de não saber o que se quer ficamos nós. Perto. Estivemos a um passo do toque entre os dedos que escrevem o que outros descrevem. Mas a cidade mudou-se e mudou-nos. Ficou perto a esquina onde nos cruzamos e o café de sempre. Não nos olhamos como estranhos porque ficamos perto demais de nos conhecer. Vemos em silêncio. A luz já não te pinta.

A distância é que se tornou longe. O tempo é que escasseou. Nós é que nunca soubemos.

Tonight don't bring me flowers...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Trocar por palavras

Troquei as palavras educadas e vazias por sorrisos. Troquei esses sorrisos tímidos por palavras rasgadas de quem gosta de te saber levar ou espantar, não sei bem. Cansada das palavras que pouco ou nada te contavam, troquei-as por gargalhadas que me invadiam naturalmente. Mas um dia fiquei triste e troquei essas gargalhadas, já sem vontade, por um sorriso sincero de quem só te queria ouvir.

Pendurei o sorriso e troquei-o por um passeio a dois que aconteceu de forma casual enquanto me dizias coisas banais. Troquei a viagem pela paragem e um desculpa-me. Mas perdi-lhe o jeito. Já não sei trocar seja o que for. Agora só te resta trocar uma coisa: eu por uma coisa qualquer que se afaste ou alguma coisa que me envolva por ti.

Facilmente conseguirias trocar por palavras, por outras que não as mesmas de sempre.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

mas sabe como quer voltar

Odeio o que me faz gostar. Detesto não deter o poder do que se passa e desconstrói à minha volta. Quando vejo sou sobressaltada por coisas que me escapam mas que não me deixam escapar delas mesmas. Engolem o que envolvem e eu fico ali à espera sem poder, e talvez sem querer, sair. E, no entanto, é o que me faz crer que os dias não têm de se vestir a combinar.

E por instantes damos conta que somos capazes de nos surpreender. Mais do que ela te fez espantar. Ela sentou-se e olhou. Pensou que não estava à espera. E, contudo, fora ela que tomara a atitude, motivo que a inquieta. Deu voltas e rodopios e simplesmente não esqueceu. Só avançamos quando percebemos. A menina ali chegara a pensar que já não o era. Segundos, minutos. Não era isso. Mas ficou ali.

Eu fiquei com ela. Se pensava no porquê, já eu pensava na estupidez que se invadira. Questionei o motivo porque ficara com ela.
Não sabe como ir, mas sabe como quer voltar.

My feet are stuck here, against the pavement.
I wanna break free.
back up... mess up... wake up...
give up... better of...
[not my words...]

domingo, 6 de abril de 2008

the little things

E passou por ti três vezes. Disse-te olá, fez um comentário e repetiu-te o adeus. E o teu nome. Gosta de o dizer. Multiplicou-o em cada fim de frase e ficou suspenso no tempo. Pensava que lhe irias perguntar algo banal como o tempo. Pediu para que lhe questionasses tudo o que a mais ninguém poderia interessar. Mas ficou-se por ali. O teu nome. E tu, tu apenas lhe deste o dela de volta.

Passou por ti e ninguém como ela sabe dizer-te o teu nome. Ficou ali. Mas ela teve a certeza que um dia levarás o teu nome assim, assim como só ela... Um dia vai te soar diferente e vais levá-lo, pensou.

Simplesmente sinto. [...] Não uso o coração.

The little things... just before you pass me by.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

sou do tamanho do que penso

Se existem coisas pouco originais, uma delas será certamente escrever banalmente sobre um «deja vu». Mesmo assim...

Ultimamente têm se multiplicado as vezes e isso deixa-me inquieta. Mas calmamente, muito calmamente, inspiro e penso que já sabia. Tudo corre como eu pensei, porque no final das contas: somos do tamanho do que pensamos.


If those things can, why would the one fail?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

o mundo e os pontos

Porque o mundo do trabalho às vezes é propicio a frases profundas... Esta fez me pensar: é uma questão de português.

Muitas vezes é. Uma discussão, um fim, um começo. Tantas vezes tudo por causa de uma questão de português. Nascemos a ouvi-la mas não raras as vezes esquecemo-nos de como a utilizar. Parece que sabemos o que queremos dizer mas não sai. Confundimos e acabamos por falar o que não queremos, sem conseguir contar o pretendido.
E algo se escapa pela mão.

E nós? Falamos a mesma língua?
Não sei mas um dia talvez!

terça-feira, 1 de abril de 2008

magnólia

Ping pong. Às vezes sinto-me assim. Outras nem me sei sentir. Mas elas estão em flor. Isso sinto. O cheiro da Primavera que se esconde de mansinho. Já fez um ano. Segurei-a devagar e ela ficou ali suavemente para a fotografia. Se quiseres um dia mostro te.

Sei sorrir calmamente enquanto espero. Porque não sei se sim, talvez não. Mas espero sempre que sim.



Once I found...