terça-feira, 25 de março de 2008

história de crianças

- Quando for grande eu vou ser um gigante com dez metros. E vou comer tudo o que quiser. Azul, vou ser azul. Gosto de azul, mas não aquele de menina. E..
- Mas tu és uma rapariga. Eu gosto do amarelo. O sol é amarelo e eu desenho sempre o sol porque é fácil.
-E vou ser mau, mas não te preocupes que não te mato. Somos amigos.

[...]

-Lembras-te de quando querias ser um monstro?!
- Não era um monstro. Eu queria ser um gigante amarelo.
- Azul. Tu querias ser azul. Mas não aquele de rapariga. Eu é que gostava de amarelo. Era por causa do sol ou algo assim. Ou por outra coisa qualquer. Já nem me lembro.
-As crianças são fantásticas e imaginam sempre o mundo de maneira estranha.
- Gosto de ti.
- Como é que consegues? Eu sou um gigante azul!
- Mas não comeste tudo o que quiseste. E deixa-me dizer que não és bem azul...Desculpa mas também és um bocado ana para gigante.
- Ninguém é perfeito...

[...]

- Olá.
- Olá. Por aqui?
- É, parece que sim.
- Prazer em ver te.
- Xau
- Xau.
- Espera. Podemos falar?
- Acho que sim.
- Nunca mais falamos...
- Acho que não tinha mais nada para dizer.
- Mas eu tinha para te perguntar... Porque nos afastamos? Depois de tanto tempo...
- O amor acaba. Não mandamos nisso.
- Mas nós eramos amigos.. Ainda me lembro que querias ser um gigante a...
- Não digas parvoíces.
- Mas não eram parvoíces.
- As pessoas crescem.
- Mas não têm que mudar.
- Eu mudei. Tu mudaste. Não vamos falar mais disto. Não existe volta.
- Também não queria voltar. Queria apenas poder contar te...
- É melhor não. Não me leves a mal. Mas acabou.
- E tu não me leves a mim a mal mas a nossa história já não me diz nada. Apenas queria que a minha amiga de outras histórias, mais antigas e com o cheiro de velhos tempos, soubesse que estou feliz. Encontrei uma história simples porque só assim faz sentido. Uma história de gigantes que gostam de parvoíces. Mas já não és a menina que brincava comigo à janela. Pena.
- Mas...
- Adeus.
- Adeus.